Crise na Ucrânia pode afetar retomada europeia
Carlos Plácido Teixeira
Colunista - Radar do Futuro - Diário do Comércio
As
expectativas de uma recuperação mais forte da economia mundial podem ser
frustradas também em 2014. Os efeitos da crise da Ucrânia vão além do
fato de que colocam Estados Unidos e Rússia em posições opostas, com a
União Europeia no meio. Os eventos podem resultar na perda de velocidade
da, já lenta, saída da recessão da economia europeia. Os impactos serão
globais, inclusive para países como o Brasil, que torcem para a
recuperação da Europa, no momento em que a China deixa clara a absoluta
falta de pressa em voltar a crescer e a economia norte-americana ainda
frustra as projeções de uma expansão firme do PIB interno.
As
perspectivas dos próximos meses para a economia mundial dependem
fortemente das definições dos rumos do conflito, que deve ficar restrito
à imposição de sanções econômicas. O Fundo Monetário Internacional
reviu as previsões de crescimento da economia russa para 2014, de 1,3%
para 0,2%, relacionando a baixa com a tensão geopolítica provocada pela
crise na Ucrânia. Para o economista Nouriel Roubini, professor da
Universidade de Nova Yorque, a economia europeia está recuperando da
recessão severa. Mas a retomada econômica é frágil e anêmica. “A Zona
Euro não pode dar-se ao luxo de passar por um novo choque, desta feita
com uma subida dos preços devido a um corte de fornecimento de gás por
parte da Rússia”, sublinhou em entrevista reproduzida pelo site Negócios
Online, de Portugal.
No ambiente interno da
economia brasileira, as vendas que tendem a ser relativamente mais
fracas para o dia das Mães, segunda data mais importante do calendário
do comércio, darão nova munição para a expansão do pessimismo,
resultante do prolongamento do baixo desempenho da economia. Os
candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos, em alta nas pesquisas de
opinião, terão munição adicional para críticas. CPI da Petrobras,
abastecimento de energia e déficit em contas públicas serão o centro das
críticas, que surtem efeito com a redução dos níveis de aprovação da
presidente Dilma Rousseff.
O governo espera
ter, em maio, indicadores mais favoráveis sobre o desempenho da
economia. A começar por melhores dados da inflação, incluindo uma
eventual queda das pressões dos preços dos alimentos. Os juros mais
altos estão fazendo efeito. Com fábricas repletas de automóveis, é
possível acreditar na queda da inflação. Enquanto isso, a equpe
econômica anuncia novas medidas com o objetivo de atacar a inflação,
como a possibilidade de elevar impostos de bens de consumo com o
objetivo de alcançar a meta de superávit primário.
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