quinta-feira, 5 de junho de 2014

Mercado encara a realidade da Copa

Economista acredita que a campeonato mundial de futebol vai surpreender os empresários do varejo

Carlos Plácido Teixeira
Editor - ComInteligência - Radar do Futuro

Quando um paraplégico ficar de pé, andar alguns passos e der o primeiro chute em uma bola, abrindo oficialmente a Copa do Mundo de Futebol, no dia 12 de junho, em São Paulo, certamente muita gente vai se emocionar. Ao mesmo tempo, diversos grupos de brasileiros e estrangeiros vão respirar aliviados. O principal evento do futebol vai começar, finalmente, a não ser que ocorra um evento grave, possibilidade que preocupa autoridades e justifica mais dinheiro gasto com segurança.

Os passos do menino paraplégico serão possibilitados pela persistência do cientista brasileiro Miguel Nicolélis. Depois de anos de pesquisa, desde janeiro do ano passado ele começou a desenvolver o exoesqueleto, uma espécie de robô que vai possibilitar, a pessoas sem mobilidade nas pernas, andar por conta própria, graças à conexão da máquina com o cérebro. A invenção mostra que há um lado inovador no Brasil.

Com a bola rolando, o alívio do grande número de empresários reflete o descontentamento crescente com o lado que não funciona. A Copa também vai começar para quem, inicialmente, acreditou no evento como fonte de oportunidades, até meados do ano passado. São comerciantes e prestadores de serviços que viraram, em 180 graus, o botão das expectativas em relação ao campeonato. Da euforia com a possibilidade de novos lucros, para dúvidas crescentes, diante do cenário gerado pela insatisfação de segmentos da população com a realização dos jogos.

Otimismo - “A Copa do Mundo vai surpreender os empresários do varejo”, acredita Silvânia Araújo, consultora, professora e integrante do Conselho Regional de Economistas de Minas Gerais. Especializada em gestão e mercado de consumo e acostumada com a convivência de comerciantes e consumidores, graças a experiências anteriores como gestora de áreas de análise de entidades empresariais, ela aposta no engajamento crescente da população com a competição e na melhoria do mercado de consumo. Desde, é lógico, que o Brasil apresente resultados em campo. “E que garanta a segurança”, salienta.

A visão otimista sobre o desempenho das vendas do varejo tem como base experiências de outras copas. “O brasileiro se anima com o tempo”, avalia. O olhar do noticiário atual já revela a predisposição mais favorável da população, mesmo que ainda convivendo com destaques para a contabilidade negativa de obras mal executadas ou não realizadas. Novos protestos, dessa vez, não envolverão multidões. Serão grupos menores ou movimentos sociais e de trabalhadores públicos.

Mesmo com a economia brasileira andando devagar, as vendas no período podem crescer com a demanda adicional de estrangeiros e dos jovens com férias antecipadas. O comportamento do consumo vai, para Silvânia Araújo, desafiar a capacidade de gerenciamento das vendas. Com estoque baixos, comerciantes precisarão demonstrar flexibilidade e agilidade para atender demandas adicionais do mercado. O restante do semestre também será marcado por desafios, segundo a economista. Os dados do primeiro trimestre confirmam as expectativas mais desfavoráveis, com a combinação de baixo crescimento e juros elevados. “Mas ainda há o baixo desemprego, a renda mais elevada e a disponibilidade de crédito como variáveis positivas”, avalia Silvânia Araújo. Para ela, as vendas do varejo em 2014 devem fechar entre 3% a 3,5%. “Os varejistas terão de de buscar maior eficiência e identificar todas as possibilidades de geração de oportunidades”, recomenda.

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