quarta-feira, 4 de junho de 2014

Desemprego cresce lentamente nos próximos meses

Mudanças demográficas limitam a oferta de trabalhadores

Carlos Plácido Teixeira
Editor - ComInteligência - Radar do Futuro

O desempenho excessivamente modesto da economia brasileira no primeiro trimestre pode dar razão ao temor de aumento do desemprego nos próximos meses, demonstrado pelos trabalhadores em pesquisas sobre confiança quanto ao futuro. No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto cresceu apenas 0,2%. Segundo a pesquisa do Índice de Confiança do Consumidor (CNI), quase 50% das pessoas teme o aumento do desemprego. Com juros mantidos em 11%, indústria perdendo espaço continuamente e pessimismo entre empresários de todos os setores, além de consumidores, as chances de aperto no mercado de trabalho são, de fato, maiores.

Mas as demissões não terão o impacto nos índices oficiais, imaginado por segmentos do setor produtivo e financeiro. Não serão como os economistas que postulam a necessidade de reduzir o nível de emprego para controlar a inflação. Ou empresários do comércio, pressionados pela ausência de de mão de obra para ocupar as vagas disponíveis.

Estudos elaborados por áreas econômicas de instituições financeiras projetam um cenário de elevação apenas gradual do desemprego. As análises oferecem uma unanimidade sobre o fenômeno da baixa disponibilidade de mão de obra, enquanto as taxas de emprego anunciadas seguem em recordes próximos aos 5%. Vai continuar faltando gente para ocupar postos de trabalho.

O comportamento da população economicamente ativa (PEA), mais que o desempenho da economia, explica o desempenho das taxas de emprego. Para o banco Itaú, os jovens que saíram do mercado de trabalho para estudar não devem, no curto prazo, voltar ao mercado de trabalho. “Avaliamos que a tendência é que a taxa de desemprego mantenha-se em patamares historicamente baixos à frente, mesmo com a economia e o nível de emprego crescendo moderadamente. Em relação à renda, o quadro dos últimos meses se mantém, com expansão dos salários, mas com crescimento moderado na massa salarial, pois não há mais a contribuição positiva do crescimento da população ocupada.

Outros fenômenos podem oferecer dados para quem deseja entender o comportamento do mercado de trabalho, ainda envolvendo a população jovem. Um deles, registrado em várias partes do mundo ocidental, é a expansão da geração “nem-nem” - jovens com idade entre 15 e 29 anos que nem estudam, nem trabalham. No Brasil, são quase 10 milhões de pessoas nestas condições.

Mais positivo para a economia, o outro sinal de mudança, impactante sobre o mercado, ressalta o interesse dos jovens em investir em negócios próprios. Segundo uma pesquisa do instituto Endeavor, de 2012, quase 50% dos estudantes pretende abrir uma empresa em prazos de até 10 anos. Na prática, o empreendedorismo, de fato, ganha força como possibilidade de inserção na sociedade, inclusive com o registro de expansão do número de novas empresas abertas.

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