terça-feira, 1 de julho de 2014

Estratégias no ambiente tecnológico onipresente

Segundo consultoria, 82% dos consumidores dizem que as empresas deveriam se envolver com melhorias na qualidade de vida e bem-estar da sociedade

Carlos Plácido Teixeira
Colunista Radar do Futuro - Diário do Comércio

Pela primeira vez na história das copas do mundo de futebol, a tecnologia salvou um juiz de ser sacrificado pelas vaias de indignação de torcedores. A eliminação da dúvida sobre a validade do segundo gol da França, no jogo contra Honduras, na primeira fase do campeonato, marcou a abertura da porta para a entrada de inovações nos campos do esporte que mobiliza o maior número de torcedores em todo o planeta. Até mesmo uma entidade extremamente conservadora como a Fifa sucumbe ao poder da informatização da sociedade.

A adoção de sistemas de controle e de apoio ao trabalho do juiz insere uma mudança importante de postura da federação internacional, tradicionalista e atrasada em relação a outras modalidades esportivas. Sinaliza também a inexistência, hoje, de limites para a influência das tecnologias. E aponta para o registro de que, no futuro muito breve, as sociedades deixarão de discutir se determinada atividade pode, ou tende, a ser informatizada. O debate predominante será sobre se deve, ou seja, se há conveniência de ser substituída por alguma outra coisa com foco na tecnologia. Em tese, tudo é possível, mas nem tudo deve ser feito.

A contestação sobre os limites da presença da informática no cotidiano já começou. A resistência não será como a levada adiante pelos luditas, os trabalhadores da rebelião contra as máquinas na transição dos sistemas produtivos no período da revolução industrial. A inquietação começa a atrair a adesão de grandes empresas, que identificam novos horizontes de oportunidades nesse comportamento. Principalmente, empresas que têm o estímulo a hábitos saudáveis entre as suas missões e valores.

A Nike, que não é patrocinadora da Copa do Mundo no Brasl, produziu, para o evento, uma animação que dá o tom para a inquietação sobre a expansão acelerada das tecnologias no cotidiano das sociedades. O vídeo veiculado no YouTube, extremante bem produzido, tem ídolos atuais como personagens. O brasileiro Neymar, o português Cristiano Ronaldo e o espanhol Iniesta têm aposentadorias precoces. Todos substituídos por clones, vítimas da revolução dos negócios do futebol. No cenário sombrio, humanos “imperfeitos” são substituídos por jogadores que jamais erram. “O futebol mudou para sempre”, anuncia o líder da revolução futura do negócio do futebol.

A animação dá vida a um movimento de resistência às mudanças, que tem à frente o ex-jogador Ronaldo ‘Fenômeno’, na caricatura de executivo do esporte. “Os clones estão acabando com o esporte que amamos” diz o personagem, diante de um estádio vazio. Ele promove, então, a reunião dos ex-jogadores, forçados a outras atividades para sobreviver. convocados para um desafio definitivo contra os clones. No final das contas, os humanos vencem as suas cópias tecnológicas.

Demandas - Segundo um estudo da empresa de consultoria Trendwatching sobre expectativas futuras do mercado da América Latina, 82% dos consumidores acreditam que as empresas deveriam se envolver com melhorias na qualidade de vida e bem-estar. Porém apenas 46% acreditam que as marcas trabalham duro para cumprir com o objetivo. A multinacional de automóveis Ford destaca, no relatório anual "Olhando mais longe com a Ford 2014", tendências globais que apontam como a explosão da tecnologia vai afetar as escolhas e o comportamento de consumo. Conclui que os consumidores reavaliam, como prioridade, a relação com a tecnologia.

Uma parcela do mercado busca, cada vez mais, e a Copa do Brasil parece confirmar, o equilíbrio entre a necessidade de estar sempre conectado com uma nova valorização da qualidade do tempo passado fora dos ambientes digitais. "Não há como escapar do impacto – tanto positivo como negativo – do ritmo acelerado da tecnologia. O mais fascinante de 2014 é ver que está surgindo uma cultura de reflexão", diz Sheryl Connelly, gerente de tendências globais da Ford. Uma das principais tendências globais de 2014, segundo o relatório, é o desejo das pessoas de aproveitar o tempo livre para refletir sobre o que mais importa – amigos, família e comunidade – gerando uma nostalgia quando lembram do conforto associado ao modo de vida anterior. É o confronto entre tentar se manter atualizado com uma sociedade sempre conectada, sentindo o medo da perda, ou encontrar satisfação em momentos longe do entretenimento digital.

INDICADORES
Onipresença das tecnologias desafia as marcas

ACONTECIMENTOS

  • Expansão acelerada das tecnologias no cotidiano
  • Aumento da oferta de produtos substitutos
  • Automação do cotidiano: uso de robôs e de sistemas
  • Aumento da insegurança sobre a possibilidade de ser substituído


TENDÊNCIAS

  • Marcas: entre o culto à inovação e a resistência
  • Mistura de tradições: entre o novo e o velho
  • Valorização do imperfeito
  • Poder para o consumo engajado





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